18 julho, 2007

Back to the future


Normalmente a saída era no Campo Pequeno. Sexta ao fim de dia, a primeira sexta de Agosto, às seis, mais ou menos, no Campo Pequeno. Arrumar as mochilas na bagageira do autocarro e fazermo-nos à estrada. Parar para jantar perto da Guarda, já tarde, para ir à casa de banho em Vilar Formoso e na manhã seguinte acordar em Barcelona. Depois seguir para Lyon, às vezes Carcassone, e dormir outra noite no autocarro. Domingo de manhã era chegar a Cluny, à tarde Taizé. Começo de festa.

Conheci a Joanna na primeira vez que fui, em mil novecentos e noventa e quatro. O j de Joanna lia-se i, por isso ela era a ioanna, mas os amigos chamavam-lhe Asha. Tive o meu primeiro summer-crash a sério. Verão tem o tempo todo do mundo, e depois não tem nenhum, vale o tempo que quisermos. Eu queria que o meu Verão polaco durasse muito tempo e ele durou muito tempo. Durou o Verão seguinte, uma passagem de ano de 1996 em Wroclaw, outro Verão e no seguinte lá o Agosto se desvaneceu em ilusão de Outono.

Penso que a Meg, a Inês e a Lina a conheceram, no ano em que as convenci a ir a Taizé, a mais improvável das excursões de amigos [a Meg cantou as músicas de Igreja, a Inês ficou com o melhor trabalho que a comunidade oferecia, a Lina intercalava aquelas lágrimas dela com aquelas gargalhadas dela]. Apresentei-lhes a Joanna nesse Verão de Outono e elas se calhar não se lembram, mas tive alguma vaidade em fazê-lo. A Joanna era viagem, travessia dos dias quentes. E eu tinha marinhagem no peito.

Vou de férias para a Polónia em Agosto. Há dias remexia nos meus antigos apontamentos de viagem e encontri o mail da Joanna, do tempo em que ninguém via mails e o hotmail era tecnologia de ponta. Enviei-lhe uma mensagem. Respondeu. Vamos beber um café em Cracóvia, no dia 7 de Agosto. E segue a viagem no tempo.

2 Comentários:

Blogger IPQ disse...

Que bonito, amigo.

19 julho, 2007 14:22  
Anonymous Anónimo disse...

Claro que me lembro! E quando disseste que ias à Polónia no Verão, pensei logo na Joanna - mas envergonhei-me de dizer, tu, um homem tão crescido, viajado, talvez nem te lembrasses... Mas olha que a mim a vida tem-me mostrado que os amores que guardamos num cantinho do coração, às vezes anos, são tão especiais, tão bonitos...

20 julho, 2007 22:22  

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