05 março, 2007

Friday night report

Segunda tentativa [apagaram-me o post sem querer assim que terminei a última frase, fuck]

Quem não viu, vá ver. A peça «Renaissance», do Utopia Teatro, é realmente muito boa. Ainda há pouco tempo fui ao São Luiz ver o «Moby Dick» - que tem um elenco famoso e um orçamento avantajado - e não chega aos pés do trabalho de um teatro amador [?] em Sintra. Texto brilhante, a roçar extremos de densidade e gargalhada, a noiva do nosso Choco está muito bem e o dito aparece em formato video, cara ampliada, a fazer as vezes de director de uma companhia de teatro. Liguei ao meu irmão e convidei-o para vir, ele perguntou «é aquela peça das nifomaníacas lésbicas, não é?», mas está muito para além desta perspectiva hormonal de Primavera arrivista. É francamente bom, parabéns.

Fui de carro com a Meg. Óptima oportunidade para pôr a conversa em dia e mostrar-lhe um cheirinho da Sintra xunga - jantámos na Xitaca, pizza de cogumelos com molhos, bomba calórica a preço de amigo. Depois a peça e no fim ficámos cá fora a conversar. Até que a nossa Meg repete um gesto tão seu e saca da mala um abaixo-assinado para a malta. Contra a construção do Museu salazar em Santa Comba Dão. Não assino. Acho que a personagem é incontornável na nossa história e francamente gostava de ver em museu a arte do Estado Novo, o urbanismo, o papel do país na II Guerra Mundial, tanto quanto saber mais sobre a Pide, a Censura, a Guerra Colonial. Não me parece bem criar um hiato na história, há apenas que analisá-la pelo que foi - o que até é a melhor maneira de preservar a memória terrível e impedir a sua repetição. Não assinei, portanto.

Sábado à noite, telefonema da Meg:
«Estás a ver o telejornal?»
«Não.»
«Mas devias. Estão a mostrar uma manifestação contra a construção do Museu Salazar e outra a favor, com tipos a fazerem saudações fascistas e tal.»

É muito mau. Se de facto o Museu serve para legitimar o papel do ditador, rubrico o abaixo-assinado. Mas continuo a achar que devia haver um Museu do Estado Novo, para nunca mais ninguém esquecer. A história não se apaga.

1 Comentários:

Blogger vox disse...

Já foste ao museu da república e resistência? não tem nada a ver com o de Lyon, por exemplo, mas acho que seria o local indicado para desenvolver aquilo a que te referes.

06 março, 2007 11:24  

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