26 novembro, 2006

Monty Python na manifestação da CGTP*

Ontem foi dia de protesto geral da CGTP. 21 manifestações em 21 cidades, contra a política do Governo. Qualquer dia em que me sinta mais neo-realista escrevo-vos a contar. Participei na manifestação de Coimbra e, para resumir uma longa história, havia duas mil pessoas, muitas faixas, panos, megafones e pancartas. Para os menos sintonizados no léxico da inter, uma pancarta é uma espécie de tabuleta individual em que a gente escreve um desabafo que nos esteja mesmo entalado.
Não me perguntem como nem porquê, mas uma pancarta que dizia "a violência doméstica não é questão privada, é crime público" foi parar às mãos de um senhor dos seus 60 e muitos, sem dentes nenhuns à frente. Claro que me ri por dentro de cada vez que passei por ele, a imaginá-lo vítima de violência doméstica e a vir queixar-se à manifestação da CGTP.
Os Monty Python entraram todos em cena quando houve um homem, que não consegui perceber se seria nazi ou daqueles malucos que gritam coisas na rua sem motivo aparente, que começou a insultar toda a gente (e as mães dos professores em particular), a empurrar as pessoas e a querer atravessar a manifestação toda para ir bater no dirigente que estava a discursar.
Grande confusão, várias bandeiras portadoras de homens façanhudos encaminham-se para a confusão a fazer barreira para ele não passar, o maluco nazi grita e gesticula, os discursos e as palmas continuam, eu ao longe, claro, que sou uma senhora, vem a polícia, insultos de parte a parte, e no meio, mesmo no meio daquilo tudo a pancarta, sereníssima, se bem que com umas oscilações forçadas: "a violência doméstica não é questão privada." Portugal no seu melhor.

* Peço desculpa de voltar aos absurdos quotidianos solicitados pelo Rui, depois de uma sequência tão bonita de posts. Mas achei um piadão a isto, o que é que querem...

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