05 novembro, 2006

De volta ao assunto sério

Não acharam estranho eu resistir tanto tempo a intrometer-me no assunto sério? É que foi involuntário: primeiro, a chuvada da semana passada arrancou os cabos da internet na cidade de Coimbra e a PT demorou 4 dias - quatro - a arranjá-los. Depois, não conseguia entrar como blogger aqui - responsabilidade minha, claro, porque o material tem sempre razão.
Portantos: sobre o aborto toda a gente sabe o que eu penso. Despenalização até às 12 semanas a pedido da mulher JÁ! Quem quiser argumentos racionais leia o post da Lena - obrigada eu, amiga. Eu só vim aqui para desabafar duas coisas politicamente incorrectas:

1- sinto-me ultrajada e envergonhada com o referendo. Mas desde quando é que ter filhos é coisa que se decida por maioria? Se eu engravidar tenho que convocar uma assembleia de condóminos para os meus vizinhos dizerem se sim ou se não? Passa pela cabeça de alguém referendar outros direitos humanos? Os deputados do PS e do BE acham que nós, mulheres, temos maturidade para sermos iguais aos homens em tudo, menos para decidir se levamos a gravidez em diante ou não? Despenalizar na Assembleia da República seria a forma mais séria e responsável de resolver esta questão. Despenalizar não obriga ninguém a fazer seja o que for. Ir a referendo obriga-nos a passar outra vez pela procissão de horrores em que os nãos transformam a vida das pessoas. E não despenaliza o aborto.

2- e esta sim, é mesmo incorrecta: há um tipo de nãos que eu prefiro. Os radicais. Aqueles brutos, que são contra tudo, do preservativo, à pílula do dia seguinte, passando, presumo eu, pela menstruação e a masturbação, tudo vidas a proteger. Pelo menos são coerentes. Aquilo tem uma lógica. Os hipócritas é que me transtornam. Os que dizem que é tudo vida, no tom mais fundamentalista e intolerante que conseguem, mas que as mulheres não são criminosas, são coitadinhas, e que se podem fazer abortos se houver deficiência no feto, ou se a mãe for violada. Mas porquê?! Um deficiente tem menos direito à vida? Não deviam ser eles exactamente os mais protegidos? É uma hipocrisia e uma incoerência do pior. Mete-me nojo. Não consigo falar com eles.

Postos os desabafos, a luta pela despenalização do aborto continua.

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