12 dezembro, 2006

Beco sem saída

Tendo em conta que, uns posts abaixo, a Lena elevou o nível falando de um documentário (que infelizmente não vi e por isso não posso comentar), também queria colocar dúvidas.

Ultimamente, toda a gente com quem falo tem uma obsessão: o fim dos jornais como os conhecemos, isto é, em papel. A internet está outra vez na moda e andam todos a massacrar-me com essa coisa de que o futuro são os jornais feitos à medida de cada leitor. Ora, eu acho isso tudo muito fixe, mas tenho um problema. Se eu só vou à procura do que me interessa, como é que sei que outras coisas me podem interessar? E se por acaso este assunto me levar a outros não há o risco de ser sempre direccionado no mesmo sentido, afunilando ainda mais a minha realidade? Eu já acho incrível levar a vida que levo e parecer, na maior parte do tempo, que não existe outra maneira de o fazer...

O que é que vocês acham? Chegámos a um beco sem saída?

4 Comentários:

Blogger Selbo disse...

Eu ODEIO essa ideia do "feita à medida". Ter a papinha toda feita ao nosso gosto, para não termos que mexer uma palha, é uma forma encapotada de voltarmos à infância. E por muito boas recordações que isso me traga, acho que já passámos a altura disso. Como bom conservador que sou (em muitas coisas que não meta política), para mim isso é um tremendo disparate. Quem é que me garante que de vez em quando não me apeteça ler uma notícia sobre a reprodução sexual das abelha na Lapónia (sic Herman na altura em que era bom)?

O que é que se vai discutir a seguir? Uma mãozinha na sanita que limpe o rabinho por nós, para não termos trabalho?!

12 dezembro, 2006 11:25  
Blogger vox disse...

Provavelmente vão-me todos cair em cima, mas eu sou daquelas pessoas que acredita no fim dos jornais em papel. Não sou obcecada com isso mas acho que será essa a tendência.
E isto por várias razões, entre as quais os exorbitantes ordenados de alguns jornalistas – e peço desde já desculpa a todos os que aqui se sintam injustiçados. A verdade é que se os comparar-mos com outras profissões ditas "intelectuais" os valores em que se ouve falar são exorbitantes. Provavelmente não são eles que ganham demais, são o resto das pessoas que ganha demasiado pouco. Ora se essa tendência se mantiver, só me parecem haver duas vias, nenhuma das quais me parece boa: ou se aumentam os preços dos periódicos, o que diminuiria ainda mais as vendas ou os mcs tornam-se cada vez mais dependentes dos grupos em que se integram, como sabemos com milhentos outros interesses por trás. Mesmo que acreditemos que há jornalistas imparciais e íntegros, com este cenário este reduto verá o exercícios desse brio profissional cada vez mais dificultado.
Quanto ao outro problema que colocas – o das escolhas, de procurar o nos interessa: prefiro ser eu a procurar a decidir o que quero do que serem meia dúzia de badamecos a dizerem-me o que devo saber, ler, ouvir, comer... Cada um à sua maneira, cada um com o seu estilo, é certo, os jornais e as televisões (tenho ouvido muito pouca rádio) impingem-nos sempre as mesma notícias, copiadas, repetidas à exaustão, mastigadas, comentadas, ruminadas e debatidas.
Estou a exagerar, a generalizar demasiado? A ser injusta em alguns casos? Até pode ser... Mas é o que sinto cada vez que abro um jornal. Talvez até devido à minha profissão - a principal, porque a mais recorrente é mesmo ser biscateira ;) – aprendi a desconfiar. E talvez às vezes desconfie demais.

12 dezembro, 2006 13:01  
Blogger IPQ disse...

Lina, antes de mais queria agradecer-te por devolveres alguma dignidade à matéria discutida neste espaço (ehehehe)
A questão que colocas é muito pertinente e, confesso, assusta-me um bocadinho.
Por um lado eu acredito que a tendência seja a de que os jornais, tal qual os conhecemos, possam deixar de existir. e é, pelo menos em termos teóricos, muito mais fácil e cómodo acreditares que terás um jornal feito à tua medida,à distância de um clique.
Mas a verdade é que isso me assusta. Porque do que eu gosto mesmo quando folheio um jornal, é de encontrar informação que à partida não encontraria por não ser uma das minhas prioridades. Como me dizia hoje o meu marido, é a notícia que vem ter contigo. é uma grande mais-valia do jornal impresso.
Contudo, e apesar dos meus receios, também penso que talvez estes sejam infundados.
Vejam: quantos pensaram que o cinema acabaria com a televisão, ou que os livros teriam o seu fim com os audiobooks?
Talvez os jornais precisem apenas de se reinventar e não de deixar de existir enquanto suporte de papel. Vejamos o caso dos jornais grátis...
Não sei, mas tenho a esperança que não acabem.

12 dezembro, 2006 16:07  
Blogger Telescópio disse...

Brilhante questão, Lina. Vou escrever um post sobre isso, if you don't mind.

12 dezembro, 2006 16:58  

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