28 novembro, 2006

É Natal, é Natal, etc e tal - parte 2

Então malta, com o Natal a aproximar-se a passos largos volto a deixar aqui a minha intimação para o nosso almoço de Natal, vale?
Façam o favor de comentar. Dia 17 de Desembro?
Aceitam-se sugestões de locais e hora. Lembrem-se que há crianças.
Agora despachem-se se não há jornalada na certa.

O mundo ideal...

Seria como este...

27 novembro, 2006

Em choque

E, de repente, muita coisa parece perder o sentido, muitas das nossas preocupações resumem-se a pouco mais que nada perante algo como a morte. Quatro amigos partiram para a Patagónia à procura de umas férias de sonho. Quatro cúmplices, quatro pessoas à sua maneira especiais, capazes de passar três semanas juntos em situações nem sempre favoráveis. Foram à procura de uma beleza sem explicação, à procura de momentos únicos, especiais, que fazia sentido partilharem uns com os outros. E acabaram por morrer de uma forma brutal e sem sentido. Não conheci o André, nem sequer o César; vi a Maria José uma mão cheia de vezes. e a Cláudia, apesar de não ser íntima era, dos quatro, a que melhor conhecia. Amiga de amigos comuns, lá nos encontrávamos em aniversário, à porta do cinema, ou na rua. Sempre com um sorriso nos lábios, sempre com uma frase amiga. O que sinto em relação a estes quatro amigos é, no entanto, muito forte. De tão pequenino que o mundo é, tínhamos vários amigos comuns. Embora nunca tenha visto o César, ele chegou a ser tema de conversa em algumas situações. Alías, há cerca de duas semanas estava a jantar em casa de uns amigos comuns quando ele enviou um sms a explicar o como as férias estavam a ser espectaculares... nesse mesmo jantar soube que a susete (amiga dos tempos da faculdade) era muito amiga da Zé... A notícia da morte destes quatro amigos deixa-me sem palavras que me consolem e sem palavras de consolo para as pessoas que me são tão queridas e que sei que neste momento estão a sofrer uma enorme perda. A Susana, a Susete... o que dizer, o que fazer perante semelhante brutalidade? O que fazer para atenuar a dor e a tristeza? Sempre que penso neles vejo a Cláudia com aquele seu ar despachado e risonho, o mesmo ar com que me encontrou há uns anos na rua, eu grávida de fim de tempo a bufar de calor e ela com o seu ar se virou para mim e me disse "finalmente vou almoçar com alguém que está mais gorda que eu". Tenho a certeza que foram dias fantásticos os que passaram na Patagónia, tenho a certeza que o que viveram momentos inesquecíveis. Tenho muita pena que não voltem para contar o quão maravilhosos foram os cumes, as crateras, os glaciares os lagos que viram. Tenho muita pena de não saber, por intermédio dos amigos comuns, como tudo foi maravilhoso. Deixo-lhes aqui a minha homenagem. A eles, às famílias e aos muitos amigos que tinham.

Monty Python na manifestação da CGTP II

Pois que na manif e Lisboa sucedeu algo parecido, tirando a ascendência nazi do interveniente e, claro, o cartaz da violência doméstica... ;)
Num dos pontos mais efusivos do discurso do Carvalho da Silva, uma senhora dos seus sessenta anos, de aparência humilde, simples, enfiou-se no meio da multidão, empurrando, afastanto as pessoas com os braços, como se nadasse em seco, a gritar "vão à merda", "vão todos à merda" e fez isto até chegar perto do palco. Depois fez o percurso inverso, sempre a gritar as mesmas coisas.
Só vi três hipóteses: ou era doida, mesmo desiquilibrada, ou era uma fervorosa apoiante do PS ou - e sinceramente aposto mais nesta última possibilidade - não fazia ideia do que se estava ali a passar e pensou que se tratava de um comício de direita.
É que ela gritava e gesticulava com a mesma energia dos manifestantes, com o mesmo esgar de injustiça e revolta, como se estivesse profundamente convicta, como nós todos ali , de estar a defender os seus mais preciosos direitos.
Talvez por isso mesmo, ninguém tenha intervido: toda a gente a deixou passar, gritar, todos atónitos - afinal estávamos todos a ser mandados à merda e não era por nenhum governante, era por uma mulher igual a nós.

26 novembro, 2006

Monty Python na manifestação da CGTP*

Ontem foi dia de protesto geral da CGTP. 21 manifestações em 21 cidades, contra a política do Governo. Qualquer dia em que me sinta mais neo-realista escrevo-vos a contar. Participei na manifestação de Coimbra e, para resumir uma longa história, havia duas mil pessoas, muitas faixas, panos, megafones e pancartas. Para os menos sintonizados no léxico da inter, uma pancarta é uma espécie de tabuleta individual em que a gente escreve um desabafo que nos esteja mesmo entalado.
Não me perguntem como nem porquê, mas uma pancarta que dizia "a violência doméstica não é questão privada, é crime público" foi parar às mãos de um senhor dos seus 60 e muitos, sem dentes nenhuns à frente. Claro que me ri por dentro de cada vez que passei por ele, a imaginá-lo vítima de violência doméstica e a vir queixar-se à manifestação da CGTP.
Os Monty Python entraram todos em cena quando houve um homem, que não consegui perceber se seria nazi ou daqueles malucos que gritam coisas na rua sem motivo aparente, que começou a insultar toda a gente (e as mães dos professores em particular), a empurrar as pessoas e a querer atravessar a manifestação toda para ir bater no dirigente que estava a discursar.
Grande confusão, várias bandeiras portadoras de homens façanhudos encaminham-se para a confusão a fazer barreira para ele não passar, o maluco nazi grita e gesticula, os discursos e as palmas continuam, eu ao longe, claro, que sou uma senhora, vem a polícia, insultos de parte a parte, e no meio, mesmo no meio daquilo tudo a pancarta, sereníssima, se bem que com umas oscilações forçadas: "a violência doméstica não é questão privada." Portugal no seu melhor.

* Peço desculpa de voltar aos absurdos quotidianos solicitados pelo Rui, depois de uma sequência tão bonita de posts. Mas achei um piadão a isto, o que é que querem...

24 novembro, 2006

Sete pecados capitais

Nem sempre tenho tempo para vir aqui ler-vos ou escrever-vos.
E também nem sempre tenho tempo para vos telefonar.
Mas gosto de vocês todos, cada um com as suas especificidades e, sempre que me ponho a pensar em nós, fico contente por, de uma forma ou de outra, a nossa relação se ter fortalecido. Vejam bem que já ultrapassámos os fatídicos sete anos... há muita relação por aí que não sobreviveu a tanto.
Por isso, hoje vou enumerar, sem qualquer tipo de critério que não o da minha muito selectiva e abalada memória (já por aqui passaram muitas anestesias gerais) episódios da nossa relação. Peço desculpas se cometer alguma inconfidência, mas elas são permitidas entre nós, não acham?

1 - Lina, apresentei-te o António, lembras-te? Numa noite de S. Velentim. E poucas semanas depois o "foca" já estava a passar o fim-de-semana em Barcelona...

2 - Meg, fui contigo tirar os pontos quando foste operada...

3 - Lena, a gente chateou-se por uma cena incrivelmente estúpida e, tempos depois, voltámos a recuperar a nossa relação. Ah, também fui contigo raptar o gato...

4 - Bruno, tive uma paixonite por ti quando gostavas era da Madalena Miranda.... xi! Onde isso vai. Na altura partiste-me o coração, há que dizê-lo com frontalidade.


5 - Rui, um dia caí no erro de te pedir informações sobre computadores... deste-me uma seca de horas na cantina velha da faculdade. hihihihi
Também te vi, embora em fotografia, em poses menos próprias. Lembras-te de, na nossa viagem de finalistas, teres tirados umas fotografias (tu e o ALexandre) com um robe acetinado que eu tinha????? Matava para ter essas fotos.

6- Ricardo, conseguiste convercer-me a ir a Taizé... e a fingir que te sustentava enquanto esbanjas as economias (não sei se tuas ou da tua mãe) em roupa.

7 - Sérgio, a tua melhor tirada é mesmo dirigida à Madalena Galamba e há-de ficar para sempre no meu coração "Guarda as tuas opiniões para o teu grupinho". Dá-lhe!!!


Pronto, e aqui ficam sete boas razões para vocês serem os meus queridos!

23 novembro, 2006

Uma bomba

Como sabem, de há uns tempos para cá, ando louca com o ginásio. Farto-me de correr e suar - já cheguei a fazer 30 minutos sem parar - enfim, ando a portar-me muito bem. E para quem acha que fazer exercício é uma seca, é porque não conhece o Holmes Place.
Terça-feira, depois do exercício e da respectiva banhoca, houve BOMBA!!! Bom, está bem, foi só uma ameaça, mas bastou para me estrear numa série de coisas:
- dizerem que era preciso evacuar (bonita palavra!) e achar que não era nada comigo, devia ser para as senhoras da hidroginástica (acreditem, falam tanto que não estranharia que as "holmetes" inventassem uma bomba para as pôr a mexer)
- vestir-me em menos de 10 minutos
- usar umas escadas de emergência
- ver uma pessoa ter um ataque de pânico e fazer uma figura triste. Sim, consegui. Uma das miúdas foi apanhada de surpresa no banho e ficou tão mal, tão mal, que só arfava e mal se entendia o que se dizia. Só se percebia "cop...", "cop...". Naturalmente, eu achei que ela tinha deixado um computador no cacifo. Estranhamente, o que ela queria era um copo de água. Sensível como sempre.

Finalmente, não podia deixar passar em branco:

1. As palavras tão magníficas do Bruno. Isto sim é um atraso de 4 semanas que fica plenamente justificado.
2. Dizer ao Ricardo que com tudo o que o Jordi já sabe, vamos ter de o eliminar. :)
3. E para dar balda à Lena. Infelizmente, não posso ir ao Ateneu, mas, quem possa, é de aproveitar. É uma tarde que nunca mais se esquece. E levem fato-de-tréno.
4. Queria, mais uma vez, sublinhar que este blogue é o máximo. Ok, não nos citam no DN, nem no programa do Pedro Rolo Duarte, mas a minha auto-estima fica sempre muito melhor quando passo por aqui.

Espreguiçar o esqueleto

No dia 1 de Dezembro, 6ªF (feriado) vai ser o dia da dança no Atneu (lembras-te Lina?). É das 15h00 às 20h00, custa 10 euros por pessoa ou 8 euros se formos um grupo de 4. São 15 aulas diferentes à escolha. Quem alinha?

Do mato bravo

Passei a última semana no Norte - Porto e francesinhas, Trás os Montes e alheiras. Muito vinho, em ambos os casos. Trabalho, trabalho, diversão, trabalho: mais ou menos isso. Gastei cincominutospordia na Internet, dois euros, a rede está cara. E o ritual dos cincominutospordia começava assim:

1 - Abrir o mail
2 - Apagar as mensagens que não interessavam
3 - Ler os essenciais
4 - Abrir a Geração Buga
5 - Ler os posts novos
6 - Ler os comments

E rebenta a bolha... acabou o tempo.

Tudo isto para dizer:

Pobre Jordi, que fez a viagem comigo e teve que ouvir a descrição pormenorizada da personalidade de cada um de vocês, dos episódios de insanidade3 mental na esplanada da Faculdade, de quando o Zé Carlos tentou roubar o talento ao Sérgio, ou de quando a Inês fingiu que me pagou umas calças numa loja de roupa. Love u all.

O último homem (com cromo repetido ao lado)

22 novembro, 2006

Ora então com licença!

disse ele com aquele ar de que isto não é nada com ele, como se ele estivesse atrasado cinco minutos em vez de trinta dias. Há que tempos que estamos a contar contigo, diziam-lhe, só faltas tu meu palhaço, conforme os casos. Ele, que até tinha pensado que esta coisa dos blogues podia ter piada e até começou um ou dois só para experimentar (e foi até hoje, nunca mais lhes tocou, nem sequer lá foi, é o vais) afinal não aparecia, não dava sinais de vida, um baldas.
Ao fim e ao cabo, era como se uma daquelas vozes da consciência lhe dissesse Tu não prestas para nada, não vales um chavo, então isto começou na tua noite de aniversário, o primeiro post diz foi-bonita-a-festa-pá e a festa era a tua, estúpido!, e tu não tens um minuto para lá aparecer, para dizer olhem, gosto de vocês, isto sem vocês não tinha graça nenhuma, agora dá-me para me lembrar de vocês quando toca o "I will fix you" dos Coldplay, o que é que vocês querem, eu estive na merda uma data de vezes e foram vocês que aguentaram isto, não foi mais ninguém. Ou mesmo que não quisesses dizer nada disso aparecias e pronto, dizias olá isto tá fixe (porque está mesmo) e ainda por cima a Lina lembrou-se disto no teu jantar e começou isto tudo a dizer "a noite foi um estrondo" e eles estiveram lá só por tua causa, e a Luisa Basto cantou e tudo, e houve copos e cantorias e gargalhadas, as lágrimas foram das outras vezes.
O Casanova disse que a amizade é tudo. Não tenho amigos como vocês. Nenhuns. É tudo outra coisa, é tudo uma coisa diferente. Comecei isto na terceira pessoa, armado ao pingarelho na brincadeira como se isto fosse uma crónica. Mas ao fim e ao cabo (posso já ter dito isto) vocês são o que eu gostava. Os rapazes seriam, tudo misturado, o gajo que eu gostava de ser. As raparigas seriam, tudo misturado, a miúda que eu teria. Além do mais vocês topam-me à légua, por isso escuso de estar com tretas.
Já sabem que ando apaixonado e que não há nada mais canastrão que um gajo apaixonado, daqueles que oferecem flores e que ficam com lágrimas nos olhos com esta música e maizaquela e que se enchem de sorrisos e que até se esquecem dos amigos porque só vêem a menina à frente que é um ai-jesus que tem de aparecer em tudo em que é conversa e já ninguém os atura.
Ainda por cima eu às vezes desapareço. Faço aquele ar de a-minha-vida-é-um-inferno (e eu sei lá o que é a vida) e fico muito ocupado muito ocupado muito ocupado como se o Orçamento do Estado fosse a travessia da Antártida, e não tenho tempo nenhum para dizer nada aos amigos. Mas depois dá-me umas saudades, meu...
E apetece-me abraçar-vos e apertar-vos com força e dizer Eu até vou lá e vejo o que vocês escrevem, e gosto à brava, e fico naquela de escrever uma coisa interessante e com piada e não me lembro de nada e depois vou ver os mails e fica para a próxima. Pois olha, desta vez levam com a lamechice toda. Não tenho assunto nenhum para começar. Gosto de vocês e pronto. Estou quatro semanas atrasado mas há atrasos de quatro semanas que são bem mais complicados... (a-há! pensavam que eu estava distraído?)
Tenho trinta anos.
Temos trinta anos. E estamos cheios de pinta.
Isto vai melhorar. Mas primeiro piora bastante. Não vai é ficar sempre assim, essa é que é essa.

20 novembro, 2006

Pessoas más

Na quarta-feira precisei de vir a Lisboa e resolvi vir de expresso. Vocês sabem que eu sou semi-profissional dos transportes públicos e que passei pelo menos dez anos da minha vida a fazer quilómetros e quilómetros e quilómetros de expresso, combóio, autocarro e carreira. Desde que fui para Coimbra ando mais de carro e a verdade é que isso muda muito a perspectiva das coisas: deixei de me preocupar com reservas antecipadas, horários e ligações, para me preocupar com a localização de bombas de gasolina e sítios para estacionar sem pagar.
Para matar saudades, poupar dinheiro e dormir mais quatro horas resolvi apanhar o tal expresso de Coimbra para Lisboa.
Conclusão número um: meus amigos, estamos oficialmente velhos. Se tivessemos sido pais e mães adolescentes, os nossos filhos podiam estudar neste momento no ensino superior. Os moços que partilharam o expresso comigo são de outra geração, ouvem outras músicas, falam de outra maneira. Caso encerrado.
Conclusão número dois - revisão da matéria dada: há mesmo pessoas más. Claro que a maioria de nós faz, pensa e diz, ocasionalmente, coisas más e crueis. Ou não faz determinadas coisas - é a tal coisa de pecar por omissão. Mas não é disso que estou a falar - é de pessoas realmente más.
Na estação em Coimbra andava uma mulher a vender pensos às pessoas na bicha da bilheteira. Uma mulher mal agasalhada para o frio que lá já faz, talvez romena, talvez cigana. Estrangeira, escura e pobre, resumindo. Atrás de mim na bicha estava um homem normal, português, que olhou para ela, mesmo nos olhos, e disse-lhe com a maior frieza:
- Não há polícia que vos ponha na rua?
E repetiu, muitas vezes, porque ela não percebia nada de português e só dizia que não, a abanar a cabeça. E ele,
- Não há polícia que vos ponha na rua?
Eu nunca tinha visto nem aquele homem nem aquela mulher. Não conheço histórias, nem contextos, nem enquadramentos. Mas sei que aquele homem é uma pessoa má. Com um fundo mau. Quem olha assim nos olhos de outro ser humano e lhe diz que não tem o direito de viver no mesmo país que ele não pode ser boa pessoa. Por muito bons sentimentos que possa ter nas outras partes da vida dele, aquele homem é mau.
Fiquei mesmo triste.

Ufff... estou cansada de gente!

Queridos amigos,
a minha semana está prestes a terminar. A partir de amanhã, e nos próximos dois dias, enquanto vocês se esfalfam (se isto não for verdade, por favor não me digam, viverei mais feliz sem o saber) eu estarei a fazer as seguintes coisas:

- dormir
- comer
- cortar o cabelo
-comer
-dormir
-no convívio com a TV
- no convívio com algumas pessoas
- em reflexão
- a tentar ocupar o tempo que sobrar

E se vos conto isto é apenas uma razão:
Se tiverem alguma boa sugestão, apitem!

DE VOCÊS NÃO ME CANSO

Kiss para todos

15 novembro, 2006

Quem será a próxima vítima?

Está de chuva

Estou solteira, o marido vai para o Brasil amanhã e só volta na próxima quinta.
aceitam-se inscrições para jantar lá em casa.

14 novembro, 2006

Não pensem que se escapam...

Bem haja...

... Essa alminha caridosa que nos pôe um contador e Ligações Perigosas!
É maravilhoso!!!

11 novembro, 2006

Não gosto de chocos mas gosto de ti

Um absurdo politico-quotidiano

A probabilidade de algum de vocês alguma vez ter ido à feira de Penacova é pequena, eu sei. Mas tentem imaginar: uma feira semanal, no interior centro do país, com gente simples que lá vai comprar de tudo: galinhas, roupa, sementes, mesas. Tudo.

O meu querido Partido lançou uma campanha contra as taxas na saúde. Chama-se "A saúde é um direito, não é um negócio", e inclui a recolha de um abaixo-assinado. Os meus camaradas de Penacova foram ontem de manhã recolher assinaturas na feira.

Agora, picture it: uma senhora entradota junto à banca das cuecas - daquelas grandes, de algodão, com flores, até ao umbigo. A senhora tem bigode e barba. Repito: bigode e barba. E um crucifixo com um palmo de largo ao peito. A minha camarada Inês estende-lhe timidamente o abaixo-assinado e diz-lhe do que se trata. A senhora olha para ela de forma desabrida e pergunta:

- Isso é dos comunistas?!
- É, responde a Inês, já a ver-se a ser atirada para cima da banca das cuecas.
- Então dê cá isso que eu sou comunista desde que me conheço.

Moral da história: quem vê caras não vê corações.

09 novembro, 2006

Também me quero associar aos absurdos quotidianos

Gosta da ideia do Rui: Absurdos Quotidianos em Portugal e no Mundo ( por oposto aos Retratos do Trabalho em Portugal e no mundo do Pacheco Pereira).

Em resposta à pergunta "Alguma vez sentiu vergonha ser português?" disse que não. (Pisco o olho ao Sérgio porque ele estava lá quando esta conversa sucedeu).

Bom, afinal já senti. Ainda ontem à noite.

Apanhei o eléctrico 28 e, a meio do caminho, ali na paragem da Estrela, o senhor condutor saiu, foi buscar um balde de areia, levantou a tampa de um banco e deitou a areia lá para dentro. Depois repetiu a operação.

Até aqui eu ainda estava mais ou menos à vontade. Coisas que acontecem. O pior era a cara de espanto dos quatro turistas que lá estavam. Um casal de nórdicos que não entendia nada, olhava para trás e só se ria e um casal de espanhóis que só se ria, foi ver o que era (vá lá, ainda não terem mexido na areia foi uma sorte) e solta a senhora: "Esto es tan España". Depois continuámos o caminho como se nada fosse.

Conclusão: Foi uma vergonhaça, mas ficou a consolação de que em Espanha também fazem coisas assim.

PS: Eu gosto de um fadinho. Recomendo "Amália ao vivo no Canecão". Muito giro!

Absurdos quotidianos II

É o que dá estar tanto tempo sem escrever nada... agora levam com 3 posts de seguida.

Mais um absurdo: só hoje recebi o reembolso do IRS (iuuupiiiii!!!), isto depois de ter ido às Finanças perguntar porque é que o Sócrates, cognome "o robot", me devia dinheiro.

E porquê? Porquê o milionário sistema informático das Finanças não é capaz de imprimir uma morada num envelope em duas linhas, só vale mesmo uma, e então a minha morada era impressa de forma incompleta, o que levava o carteiro a mandar o cheque para trás por "morada insuficiente".

O sistema não é capaz de imprimir uma morada... e querem apanhar fugas ao fisco com cruzamento de dados informáticos??? Hahahahahahahah

Mas para não ficarem já em pulgas, a dizer que "só em Portugal", li hoje que a Nasa vai antecipar o próximo voo do Space Shutle (A propósito, vocês iam para o espaço num veículo com mais de 20 anos? Eu nem ao Algarve ia num carro com 25 anos...) para que a viagem termine antes do dia 31 de Dezembro. É que o sistema informático do Space Shutle não reconhece a passagem do ano, pelo que dia 1 de Janeiro de 2007 é entendido pela navezinha como sendo o dia 32 de Dezembro...

Absurdos quotidianos I

Este é o primeiro post de muitos que vou fazer sob este título - e não, não vão ser absurdos apenas portugueses, que há muito por esse mundo fora que não lembra ao diabo.

Eis o primeiro, coisa da qual me lembrei após a referência algures no blog ao serviço nacional de saúde (SNS):

O nosso queridooooo "sinistro" da saúde vai introduzir taxas moderadoras nos internamentos nos hospitais: 5€/dia pela estadia. A justificação? Moderar o acesso aos cuidados de saúde no SNS.

Ora, pergunto-me eu: moderar o quê? Quem é que se vai internar de livre e espontânea vontade num qualquer hospital?

Trabalheira

Eu sei, eu sei, não tenho escrito nada.

Não é por falta de vontade, acreditem, mas é porque ando cheio de trabalho: a tese (sim, ainda a famigerada tese) e este site: http://congresso.apdc.pt

Provavelmente o assunto não vos interessa nada, mas espreitem, nem que seja para ver o que este vosso choco-tosco é capaz de fazer.

Abracinhos.

07 novembro, 2006

Há dias assim

Toda a gente tem dias assim: em que dormimos mal porque choveu e trovejou tanto aqui em cima da minha casinha que a rua se transformou num rio, sem passeios, e entrou água na escada do meu prédio. Em que acordamos a correr, e engolimos o pequeno-almoço a correr, e tomamos banho a correr, e o trânsito está pior do que o costume. Em que nos sentamos à mesa a ver como havemos de resolver os problemas e ouvimos ouvimos ouvimos opiniões e a solução não aparece. Em que voltamos para casa a horas impróprias, sozinhos na estrada, um nó na garganta de insegurança.
Em que fizemos planos para namorar, estar com os amigos em dias importantes ou em dias apenas normais, e não deu. Desculpa Miguel, desculpa Inês, desculpa Ricardo.

E posto o ponto prévio em jeito de desabafo, quero comentar uma coisinha e fazer uma declaração. A saber:

1- a coisinha: eu não me tenho na conta de ser uma rapariga com palas nos olhos no que diz respeito ao humor. Rio-me em geral com tudo. O Sérgio até diz que eu sou bom público: apanhados, gaffes, enganos, trocadalhos do carilho, anedotas sádicas e piadas secas, é preciso mesmo uma grande falta de gosto para eu não me rir. Mesmo nas alturas mais inconvenientes, o que não abona nada em relação aos meus 30 anos. Mas o Gato Fedorento eu já não consigo: a PT, os Grandes Portugueses, o Licor Beirão, já enjoa. A gota de água foi quando o Ricardo Araújo Pereira resolveu dizer no Sol que o Álvaro Cunhal cheira a mofo. Ora aqui está um bom exemplo de mau gosto, tendo em conta que a pessoa em causa morreu há ano e meio. Mas o que o engraçado Ricardo queria dizer é que o Álvaro Cunhal era um homem cinzento, sem chama, ultrapassado. O que não é fácil de dizer de quem esteve na clandestinidade a lutar para, entre outras coisas, o Ricardo Araújo Pereira poder fazer os programas que entender, de quem no meio da luta intensa pela liberdade e a felicidade a que dedicou a vida, encontrou maneira de escrever ensaios sobre arte, romances, contos, relexões sobre a vida. A mofo? A mofo cheira quem já não consegue fazer piadas a não ser em cima de preconceitos.

2- a declaração: eu gosto de fado. Não da triste pobrezinha abandonada, com as senhoras aos gritos de xaile traçado. Amália incluída. Mas gosto do Carlos do Carmo e dos poemas lindos que canta. Gosto do fado marialva, cantado por gente simples no salão dos bombeiros lá da minha terra, com chouriço assado e moelas à viola. Claro que depois desta declaração nunca mais posso ser pós-moderna, apesar dos óculos de massa e de saber, ainda que vagamente, por que é que raio o gato está no capacho. Mas é assim a vida: já não vou a tempo de me cultivar muito mais que isto.

06 novembro, 2006

Costela brasileira

Ora ainda bem que a Margarida deu o mote...
No Sábado à noite acabei por ir parar à Casa do Brasil. A certa altura surgiu a questão de o samba poder ser comparado ao nosso folclore. Eu argumentei rapidamente que se pudesse ser comparado a algum estilo português seria ao fado. Caíram-me em cima.
Eu confesso que nem sou grande apreciadora de fado e que o que mais gosto é o fado vadio que me parece ser cada vez mais raro nas bocas dos artistas consagrados. Então do fado típico de Coimbra não gosto mesmo. Gosto do fado de rua, de chinela no pé, não suporto quando se torna lamechas, da dor que dói só porque tem de doer e temos de aguentar porque é do destino... (parece mesmo típico da nossa mentalidade portuguesinha e isso irrita-me).
Mas o que eu estava a tentar fazer com a comparação era um elogio ao fado, porque adoro samba, enquanto a proposta de comparar este último ao folclore me pareceu um insulto. E foram-me dados alguns argumentos para não se poder comparar o samba ao fado, com os quais não concordo: o fado é só de Lisboa e Coimbra e o fado só canta o amor...
Os meus argumentos:
- o folclore existe em todo o mundo. Cada povo tem o seu e diz respeito à recuperação de tradições antigas tanto de canto e música como de danças e trajes típicos;
- tanto o fado com o samba são músicas distintivas de um povo, só existem ali e estão em constante evolução – são estilos musicais vivos;
- independentemente das características musicais, instrumentais, necessariamente diferentes dos dois estilos tanto o fado como o samba tiram partido da palavra, da poesia, da língua portuguesa...
- paralelamente, e a nível pessoal, logo subjectivo, parecem existir algumas vantagens do samba em relação ao fado: o samba convida à alegria e à dança, mesmo quando invoca temas triste; o fado que "vingou" é maioritariamente melancólico. Além disso o samba genuíno é do povo, do morro; o fado hoje consagrado é elitista
Não me interessa concluir nada agora. Só mesmo alargar a discussão. Participem.

Respeito, dignidade, higiene

Podia ser uma tese de que estes são os três pilares de uma relação moderna, mas não é. Respeito, dignidade e higiene são os meus argumentos para ser favorável à despenalização do aborto. Já o eram no anterior referendo.

Lembro-me que foi por causa desse referendo que saí dos escuteiros no Algueirão e passei para Mira Sintra. Não foi apenas por causa disso, mas há um episódio que marcou o início do fim. Eu tinha andado nessa semana a distribuir autocolantes e propaganda pró-aborto com a Meg, salvo erro no Colombo. Sábado, como sempre, rumei aos scouts. Lá tive eu que me fardar [!], passar a tarde com os putos e acabar o dia na Missa. A homilia era sobre a IVG.

O padreco falou do valor da vida e do pecado de matar um feto, tralalá, bullshit. Até aí, ouvi-o, era apenas uma opinião. Até que o xôpadrantónio proferiu a infeliz frase de que quem votasse sim no referendo não poderia ser um bom cristão nem teria direito a estar presente na missa. Levantei-me e saí, deixando os putos, os pais e o xôpadrantónio a olhar para mim. Alguns escuteiros mais velhos tiveram a mesma atitude. No final desse ano, nenhum de nós estaria naquele agrupamento.

Passados estes anos, voltamos à carga. Acredito que, desta, a despenalização passará. Assim como assim, já não vou às missas dos escuteiros.

O aborto

Malta, eu já nem vou gastar o meu latim a dizer porque sou a favor da despenalização e porque, a meu ver, despenalização e liberalização são coisas muito distintas.
Estou aqui para manifestar a minha indignação com os gatos fedorentos.
Ontem assisti ao segundo episódio, ao tomo II, ao que quiserem chamar deste quase magazine, quase programa com piada. e fiquei indignada. Há coisas "giras" para comentar. Há coisas com piada, assuntos sobre os quas gostamos de mandar uma laracha...
Mas a porcaria que os gatinnhos fizeram sobre o aborto... aquilo não tem explicação "O aborto é bom. Devíamos fazer dois ou três ao dia"??
Estou a ficar velha ou aquilo não teve mesmo piada?
Ontem, no Público, O Cintra Torres de quem não sou particular fã) dizia que o gato perdeu a irreverência. Para mim, perdeu a graça.
Tenho dito

Chico

Ontem à noite fui ao concerto do Chico Buarque e foi lindo. Tão simples, tão comovente, tão doce. Tão poético. A verdade é que ele estava a dever este concerto pelo menos há dez anos. Para melhorar o cenário, encontrei a minha Inês, que me gravava cassetes do Chico e cantava comigo a Beatriz. Melhor mesmo só se estivesse comigo o Miguel.

05 novembro, 2006

De volta ao assunto sério

Não acharam estranho eu resistir tanto tempo a intrometer-me no assunto sério? É que foi involuntário: primeiro, a chuvada da semana passada arrancou os cabos da internet na cidade de Coimbra e a PT demorou 4 dias - quatro - a arranjá-los. Depois, não conseguia entrar como blogger aqui - responsabilidade minha, claro, porque o material tem sempre razão.
Portantos: sobre o aborto toda a gente sabe o que eu penso. Despenalização até às 12 semanas a pedido da mulher JÁ! Quem quiser argumentos racionais leia o post da Lena - obrigada eu, amiga. Eu só vim aqui para desabafar duas coisas politicamente incorrectas:

1- sinto-me ultrajada e envergonhada com o referendo. Mas desde quando é que ter filhos é coisa que se decida por maioria? Se eu engravidar tenho que convocar uma assembleia de condóminos para os meus vizinhos dizerem se sim ou se não? Passa pela cabeça de alguém referendar outros direitos humanos? Os deputados do PS e do BE acham que nós, mulheres, temos maturidade para sermos iguais aos homens em tudo, menos para decidir se levamos a gravidez em diante ou não? Despenalizar na Assembleia da República seria a forma mais séria e responsável de resolver esta questão. Despenalizar não obriga ninguém a fazer seja o que for. Ir a referendo obriga-nos a passar outra vez pela procissão de horrores em que os nãos transformam a vida das pessoas. E não despenaliza o aborto.

2- e esta sim, é mesmo incorrecta: há um tipo de nãos que eu prefiro. Os radicais. Aqueles brutos, que são contra tudo, do preservativo, à pílula do dia seguinte, passando, presumo eu, pela menstruação e a masturbação, tudo vidas a proteger. Pelo menos são coerentes. Aquilo tem uma lógica. Os hipócritas é que me transtornam. Os que dizem que é tudo vida, no tom mais fundamentalista e intolerante que conseguem, mas que as mulheres não são criminosas, são coitadinhas, e que se podem fazer abortos se houver deficiência no feto, ou se a mãe for violada. Mas porquê?! Um deficiente tem menos direito à vida? Não deviam ser eles exactamente os mais protegidos? É uma hipocrisia e uma incoerência do pior. Mete-me nojo. Não consigo falar com eles.

Postos os desabafos, a luta pela despenalização do aborto continua.

01 novembro, 2006

Ressuscite-se o "Vibrações"

O tema sério não ganhou adeptos por aí além (apesar da Margarida muito ter tentado ao longo da noite) e por isso decidi introduzir um novo assunto, um mesmo feito à minha medida*:

Programas dos quais sentimos falta

Ora, isto vem a propósito de serem quase três manhã, estar com preguiça, a TV estar a carburar atrás de mim, e, de repente, depois de 11 mil caracteres de "Floribella" ter pensado: "Tenho tantas saudades do 'Vibrações'".

Para quem não se lembra, o "Vibrações" - mais conhecido como "Gregoriações" em linguagem de choco mutante - era um programa malíssimo que se propunha a ser um roteiro da noite. Era mau, eu sei, mas senti mesmo falta.

Por isso, e para não dar a noite por perdida, aqui fica uma lista mais decente, um top 10 de nostalgia (em ordem aleatória). Terá coisas más, mas serão melhores que o "Vibrações" e eu sempre fico melhor com a minha consciência:

1. "Beverly Hills"
2. "Tom Sawyer"
3. "Heidi"
4. "My so called Life"
5. "1,2,3" (quando era bom e tinha o mega-concurso do Cola Cao)
6. "Mad About You"
7. Filmes bons ao domingo à tarde
8. O aeromodelismo do Júlio Isidro, os programas de bricolage (o célebre: se querem que vos respondam às cartas não podem pôr no remetente Tony - e apenas Tony)
9. Jornalinho
10. As misses, quando eram um evenement.

*Confesso que ainda estou passada com uma pergunta que o Rui me fez no aniversário do Bruno. Como é que se chama o gajo daquela das "Donas de Casa Desesperadas"? E sim, eu sabia. É o Michael Bolton.

Beijos a todos.
Os quiero con locura, para que lo sepan!